Resumo
Neste trabalho, busca-se verificar evidências de teorias de aquisição de segunda língua (ASL) na narrativa de uma falante nativa de Vêneto sobre suas experiências de aprendizagem de italiano e português. Partindo da ideia de língua como um sistema adaptativo complexo (Larsen-Freeman, 1997; Larsen-Freeman e Long, 2014; Paiva, 2013; Rokoszewska, 2014) e entendendo a ASL como um processo que pode ser explicado a partir de teorias aparentemente antagônicas, são destacados, na narrativa, pontos que envolvem aspectos como língua e prestígio social (Bagno, 2006), parâmetros linguísticos, aprendizagem formal versus informal, afeto (Krashen e Terrell, 1998) e uso de artefatos culturais (Vygotsky, 2007). A análise mostra que, em seu processo de aquisição, a aprendiz utiliza estratégias que podem ser caracterizadas como típicas de teorias ambientalistas, inatistas e sociointeracionistas, cujos preceitos surgem, a princípio, em oposição umas às outras. Dessa maneira, o processo de aprendizagem da narradora pode ser caracterizado como complexo, visto que envolve elementos típicos dessas diferentes teorias de aquisição de segunda língua.