Resumo
Este artigo busca fazer um exercício de reflexão histórica sobre o literato Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922) e a sua escrita denunciativa, gestada, principalmente, nos anos iniciais da Primeira República brasileira (1903-1922). O estudo apropria-se historicamente da vida e da obra do escritor carioca para entender as novas dinâmicas políticas, culturais e sociais do Rio de Janeiro, ao tempo em que investiga como o autor de Os Bruzundangas (1922), inserido no lastro de “paladinos malogrados” e “mosqueteiros intelectuais”, promove uma série de críticas ao governo republicano e às suas instituições. Lima Barreto é responsável por uma vasta produção escrita (à clef) que aborda variados temas que vão desde questões pessoais até suas ideias sobre liberdade, justiça, igualdade, relações interraciais e a dinâmica social no Rio de Janeiro do final do século XIX e início do século XX. Com isso, o trabalho se debruça sobre o corpus documental de seus diários, correspondências (ativa e passiva), e publicações de crônicas. Conceitualmente, a pesquisa dialoga com autores como Beatriz Resende (2004), Lilia Moritz Schwarcz (2004), Nicolau Sevcenko (1989), Emília Viotti da Costa (2010), além de outros.