INSERÇÃO DA POPULAÇÃO DE BAIXA RENDA AO CRÉDITO
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Palavras-chave

Crise
financeirização
endividamento
pobreza

Resumo

O trabalho em questão é uma atualização de uma pesquisa realizada no doutorado, há cerca de dez anos, sobre o endividamento das populações de baixa renda. Naquela época, defendíamos a tese de que, devido à sua inserção na ciranda do crédito-débito, essas populações não tinham alternativas viáveis de escape. Questionávamos o que havia possibilitado a entrada dessas pessoas nesse ciclo, considerando que, no passado, elas não tinham acesso a nenhum tipo de crédito. De repente, mesmo com baixa renda, passaram a fazer parte de um sistema que acabou levando-as ao endividamento. A resposta encontra-se nas crises sucessivas enfrentadas pelo capitalismo, que revelaram a dificuldade do capital em manter sua dinâmica tradicional, representada na fórmula de Marx (1983), D-M-D’. A crise, cujo ponto de inflexão foi a década de 1970, marcou o início de um novo ciclo, descrito pela fórmula marxiana D-D’. A financeirização da economia passou a exigir que o dinheiro gerasse mais dinheiro sem necessariamente passar pela produção material de mercadorias. O desafio tornou-se evidente: como valorizar o valor? Como transformar dinheiro em mais dinheiro? Afinal, esse é o objetivo do sistema capitalista. Esse debate permanece atual, especialmente quando se trata de entender a crise do capital e seu impacto sobre as populações mais vulneráveis. No Brasil, o acesso ao crédito para famílias de baixa renda tem proporcionado, por um lado, o acesso a bens antes inacessíveis e, por outro, tem levado essas famílias ao permanente endividamento. A discussão sobre a crise do capital será conduzida com base na perspectiva de Robert Kurz (1992), que identifica um limite histórico ao capital, incapaz de superar a crise. Outros autores também contribuem para o debate, a saber: Arrighi (1993), Brenner (2003), Harvey (2011), Löwy (2013) e Menegat (2024). Por fim, atualizaremos os dados sobre o endividamento das populações de baixa renda. Embora o crédito tenha proporcionado o acesso a certos bens, trouxe também o desafio do endividamento. Para analisar essa inserção na ciranda do crédito-débito, adotamos a perspectiva de Anselm Japp (2013), que defende que o sistema capitalista não poderia existir sem a consolidação desse ciclo.

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