Resumo
A memória se configura como um campo dentro das ciências humanas marcado por intensas discussões. O presente artigo tem como objetivo compreender a memória em seu percurso como fenômeno histórico particular e eixo de organização social compartilhado pelas sociedades ocidentais modernas, buscando subsídio enquanto ferramenta conceitual e teórica. Aborda-se, num primeiro momento, como a memória passou a ser investigada pela ciência histórica, sobretudo na relação dialética, embora distinta, entre memória e história, com destaque para grandes historiadores na linha de frente, tais como Jacques Le Goff e Pierre Nora, dentre outros. Segue-se a exposição de como diversos pensadores têm partilhado de uma expressão comum quando tratam de memória, a saber, referimonos à expressão memória coletiva, cunhada pelo sociólogo Maurice Halbwachs na clássica obra A Memória Coletiva. Com base nesse eixo norteador, amplia-se a discussão de como o Estado Nacional se apropriou do campo da memória com o objetivo de formação/consolidação de nações e nacionalidades, em diferentes continentes, com naturezas históricas distintas, desempenhando papel fundamental na formação e coesão de uma identidade própria desses novos estados. E, por fim, traz-se à cena o papel da memória na reafirmação das minorias, dos marginalizados e dos excluídos, bem como de grupos localizados em esferas “diminutas”, cuja importância dar-se em contextos local ou regional.