Resumo
O tema dos deslocamentos migratórios internacionais na sociedade globalizada tem merecido o olhar de estudiosos de diferentes áreas do conhecimento, em razão do intenso fluxo de pessoas que deixam seus locais de origem para ir em busca de melhores condições de vida ou de refúgio. Na historiografia, os estudos sobre os deslocamentos transnacionais não constituem uma novidade e a documentação que existe a respeito de diferentes grupos imigrantes que chegaram ao Brasil, a partir do início do século XIX, tem possibilitado a problematização de aspectos relacionados à experiência destes sujeitos. Se em um primeiro momento estes estudos privilegiaram os grupos majoritários, nas últimas décadas o interesse de historiadores e sociólogos estão mais voltados para os sujeitos inseridos na categoria dos não desejáveis. Dentro dela, encontramos o português Manoel Eugenio Alves de Aguiar, analisado aqui enquanto “homem marginal”, como propõe Robert Park, um homem à margem de duas culturas que não consegue se inserir facilmente na sociedade de destino.